Da experiência que tive como aluno da Oficina de Quadrinhos

Por Victor Diomondes, que fez a oficina entre setembro e outubro de 2016

Com seu jeito bastante contido, diria até mesmo tímido, o professor Wilton Bernardo consegue enganar desavisados. Por trás dos óculos do Clark Kent, sempre há de haver um Superman, conquanto se esteja disposto a realizar feitos heroicos. E certamente os feitos desse artista visual é produzir quadrinhos, e principalmente, ensinar quadrinhos.

No geral já é bastante complicado produzir arte tanto no país quanto em nosso estado. Mas nossa Bahia e sua capital carecem de uma formação voltada para essa linguagem. Sim, quadrinhos é linguagem, meio de expressão, válido para se dizer sentimentos e pensamentos, para se educar e até mesmo para se vender algo, por que não? Essa foi uma das primeiras questões abordadas por Wilton em suas aulas. A forma como ele transmite as lições, sempre baseadas em um diálogo direto e franco com seus alunos é louvável. Ele poderia sim, com base em seus 13 anos de atuação na Ação Cultural Oficina HQ e mais tantos como profissional da área, falar bastante. Mas seu método de levantar diálogos sobre algum tema da realização de quadrinhos, passando referências visuais, conversando e provocando questionamentos é bem mais interessante. E com certeza ele é habilidoso nas provocações que faz, já aí surpreendendo. Não as faz de qualquer jeito, é possível se ver onde ele quer chegar, e até lá, o debate permite que cada aluno exponha suas próprias concepções, havendo um compartilhamento de ideias. Essa forma meio socrática de fazer as coisas é bem mais interessante. O aluno é, nessa Oficina de Quadrinhos, um ser ativo, e Wilton, como professor, lida com cada um como se fosse criador. O aluno não está ali só para receber um conteúdo e aplicar as lições através de um produto. Senti nas aulas do professor que ele lidava conosco como se fossemos artistas, e que tinham o que dizer.

Atravessando o conteúdo do curso, pudemos conhecer as estruturas narrativas, receber dicas e acompanhamento quanto aos nossos desenhos, e principalmente, criarmos. O foco de Wilton – e isso ele dizia com todas as letras – era o aprendizado e não necessariamente o resultado. Assim sendo, não tínhamos que ter um quadrinho totalmente pronto, mas tínhamos que ter passado pelas etapas da construção de um quadrinho. Pudemos analisar outros quadrinhos e conversarmos sobre. Isso sem dúvida era uma delícia, uma oportunidade de falarmos sobre nossas referências pop, nossos personagens prediletos, nossas críticas quanto a outros quadrinhos, séries e cinema, uma vez que cada uma dessas artes usa a narrativa. Bem, hoje em dia quando leio uma história em quadrinhos ou mesmo quando assisto um filme, série e espetáculo de teatro, não os vejo mais do mesmo jeito.

Entre papos e pratica, produzi uma série de desenhos que fiz para exercitar minha habilidade e esboços de roteiro para uma HQ. Com isso pude ter uma base firme e duradoura para produzir quadrinhos – agora a questão é fazer, né? 😛 Certamente os resultados quanto ao meu traço foram notórios, senti a diferença. O estilo de aula empreendido por Wilton Bernardo permitiu que eu pudesse a um só tempo desenvolver minhas habilidades e construísse junto aos outros alunos e ao professor um conhecimento sobre quadrinhos. Isso é algo valioso, ainda mais se pensarmos que as vezes encontramos métodos de ensino pouco abertos à conversa.

É bom que eu avise: não se pode dizer que o professor dessa oficina não preparou seus alunos para o cenário profissional. Como atuante da área, trabalhando na criação de material para jornais, empresas e até mesmo para outros artistas da cidade, ele nos forneceu dicas e partilhou experiências valiosas no trato do quadrinho e da atividade criativa como profissão. Uma das lições mais bem vindas foi quanto ao campo dos direitos autorais, que Wilton fez questão de transmitir de forma bem completa. Para que o leitor saiba mais sobre, ora bolas, vá lá e procure se inscrever na Oficina de Quadrinhos.

Meus mais profundos agradecimentos a Wilton, que além de grande artista é um educador de mão cheia, e a minha turma da Oficina de Quadrinhos que muito me ensinou a cada papo sobre HQ, Marvel, DC, Scott Pilgrim séries e arte. E todos desenham maravilhosamente bem.

Victor Diomondes é formado em Licenciatura em Teatro pela UFBA. É arte-educador, ilustrador e ator, integrante do Coletivo Saladistar Produções e Núcleo Viansatã de Investigação Cênica.

Games clássicos orientam alunos sobre dengue

Releituras de Mario Bros e Street Fighter orientam alunos sobre a doença.
Franca tem 52 infectados e se destaca no interior de SP, que vive epidemia.

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Um dos jogos é baseado no clássico jogo Super Mário Bros (Foto: Cléber da Silva Benedito/ Arquivo Pessoal)

O famoso encanador italiano Mário Bros está de volta às telas dos games, desta vez para uma missão bastante conhecida pelos brasileiros: combater a dengue. Percorrendo cinco fases que incluem destruir os criadoros do mosquito Aedes Aegypit, identificar os sintomas da doença e evitar a dengue hemorrágica, Mário enfrentará muitos recipientes com água parada para exterminar a epidemia.
Esse também é o objetivo da Prefeitura de Franca (SP), que desenvolveu o software e está utilizando nas aulas de informática das escolas públicas da cidade. Somada a outras medidas de prevenção, a iniciativa já apresenta resultados positivos: até esta sexta-feira (12), o município registrou 52 casos confirmados de dengue, número considerado pequeno, levando em consideração que cidades vizinhas, como Ribeirão Preto (SP) e Barretos (SP), têm 3,4 mil e 2,9 mil pessoas infectadas, respectivamente.

Batizado de “Agente Bros”, o jogo não é o único criado para conscientizar as crianças sobre os perigos da dengue. O diretor da Vigilância Epidemiológica, José Conrado Neto, diz que outros dois aplicativos são ainda mais disputados pelos estudantes. Em “Street Dengue” – que relembra a versão de “Street Fighter” da década de 1990 -, o avatar do jogador luta contra o Aedes aegypit, já no “Pac Dengue” é preciso percorrer o labirinto “comendo” as larvas e fugindo do mosquito.
“Crianças e adolescentes sempre vão gostar de games. Por isso, pensamos em criar algo atrativo para despertar o interesse dos jovens para o tema. O objetivo é fazer com que os alunos sejam agentes multiplicadores da informação”, explica Conrado Neto.
Durante as aulas, os estudantes também recebem orientações dos agentes sobre como evitar os criadouros do mosquito e como proceder ao identificar os primeiros sintomas da doença. “Precisamos inovar para que os menores tenham interesse em ajudar e a aceitação nas escolas está sendo muito grande”, afirma o diretor da Vigilância.

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Alunos podem aprender jogando o ‘Street Dengue’
(Foto: Cléber da Silva Benedito/ Arquivo Pessoal)

Outras ações
Conrado Neto explica que, além dos jogos virtuais, a Vigilância investe em outras ações para chamar a atenção das crianças para o tema. Segundo o diretor, os filhos têm muita influência sobre as decisões dos pais.
“Já fizemos uma cidade virtual para que o avatar do aluno identificasse e eliminasse os criadouros, fizemos gibis com histórias em quadrinho. Estamos sempre presentes nas escolas porque formando a criança, teremos um adulto consciente.”
Mas as iniciativas não são voltadas apenas para o público infantil. Em 2012, quando apenas três casos positivos de dengue foram registrados em Franca, os moradores cadastrados previamente pela Vigilância Epidemiológica participavam da promoção “Visita Premiada”.

Fonte: G1

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