Já foi assistir a Os Vingadores – The Avengers, o filmaço de Joss Whedon? Deve ter ido, sim, afinal a saga do grupo de super-heróis da Marvel já é o longa-metragem mais visto no Brasil, com arrecadação de R$ 104,5 milhões, passando Tropa de Elite 2 (2010) e Avatar (2009). No mundo, ele já ocupa a quarta posição dos filmes mais vistos de todos os tempos, com US$ 1,184 bilhão de bilheteria.
Pois bem, se já esteve no cinema, torcendo pelos mocinhos poderosos, reparou na excelente caracterização dos paladinos. Em especial o Hulk de Mark Ruffalo. Gente, o que é aquilo? O Verdão é tão bem realizado que rouba a cena até do já consolidado Homem de Ferro de Robert Downey Jr., que, reza a lenda, recebeu bons US$ 50 milhões para vestir a armadura do bilionário Tony Stark.
É a redenção do alter ego do cientista Bruce Banner, apresentado no cinema com pouca justiça em outros dois momentos, embora vivido por atores de substância dramática, como Eric Bana (Hulk/ 2003) e Edward Norton (O Incrível Hulk/2008).
Claro que muito se deve ao talento do nerd Joss Whedon, que assina roteiro e direção do filme. Mas, sem a delicadeza low profile de Mark Ruffalo para compor o popular personagem no tom certo, os fãs não estariam tão satisfeitos.
Sensível O ator americano de 44 anos, casado há oito, pai de três meninas, tem a sutileza ideal para atingir as nuances de seu personagem, um cientista brilhante que, atingido por raios gama, desenvolve um alter ego monstruoso, desencadeado quando há descontrole emocional. Seu Hyde pessoal é um gigante verde de três metros, com selvageria suficiente para dar cabo de boa parte da civilização.
Ruffalo o interpreta dosando culpa, infelicidade, cinismo e um ódio – o tempo inteiro refreado – pelo exílio afetivo compulsório. No filme, pratica filantropia na Índia, na esperança de adquirir bom carma para compensar barbaridades de outros tempos.
A compreensão do ator sobre o personagem também ajuda muito: “Mais velho, Bruce Banner chegou a um ponto em que conseguiu finalmente fazer as pazes com seus demônios interiores, sabe mais completamente quem ele é. Os gregos acreditavam que, quando uma pessoa tinha um acesso de fúria, ela estava sendo possuída pelos deuses. Trabalhamos com essa ideia, de quem Bruce Banner era, o que ele perdia e o que mantinha quando se transformava no Hulk”.
Continuidade
O resultado foi tão positivo que o ator assinou um contrato para seu Hulk aparecer em mais seis filmes da Marvel, incluindo aí possíveis continuações de Os Vingadores, um solo do Verdão (ambos serão lançados em 2015) e, quem sabe, até um crossovers – aqueles duelos comuns de heróis.
“A experiência foi incrível, eu me diverti muito fazendo o Hulk. O filme é empolgante, bem escrito e tem humor. Não é uma coisa barata, sabe? O humor casa perfeitamente com os personagens”, opina Mark Ruffalo, que fez toda a atuação do Hulk usando um traje de captura de movimento – no set, antes, durante e depois das filmagens.
Por isso, o monstro é tão real, tem sua humanidade preservada não só nos movimentos mas também na expressão facial. Não parece descolado do filme quando aparece, como nos anteriores. Esse humor citado por Ruffalo, por exemplo, é um ganho. Quer testar? Pergunte a seus amigos quais as cenas mais legais de Os Vingadores. Pode esperar como resposta pelo menos três ou quatro com Hulk. Fica a dica: a que ele surra Loki (Tom Hiddleston) é para se guardar da memória.
Brasil
Criado em 1962 por Stan Lee (texto) e desenhado por Jack Kirby (1917-1994), Hulk apareceu pela primeira vez no Brasil na revista Super X, da Editora Ebal, lançada no ano de 1966 como parte da campanha promocional dos chamados Super-Heróis Shell, com distribuição gratuita nos postos de gasolina. Ele dividia a cena com outro super-herói: Namor, o Príncipe Submarino.
A primeira vez que o Hulk teve uma revista própria e com seu nome foi em 1972, na Editora GEA. Em 1975, a Bloch lançou uma HQ só dele, republicando as primeiras aventuras. Daí, pulou para a RGE no início dos 80 e, em seguida, para a Abril, que o publicou até a virada do milênio.
Após esse período, tudo o que era da Marvel, no Brasil, passou a sair pela gigante Panini. Mas, agora, o Verdão não tem revista própria. Tomara que, com esse hype todo, ele recupere sua HQ
Fonte: Jornal CORREIO (Doris Miranda doris.miranda@redebahia.com.br )